quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Olhos pretos

Lá na UTI da Santa Fé eu tinha muitos coleguinhas. Alguns como eu passavam mais tempo; outros, uns dois ou três dias e já iam pra suas casas. E eu, como já disse, fiquei quase um mês. As enfermeiras eram minhas companheiras, me banhavam, davam comida, faziam tudo.

No dia em que tive alta e fui embora, elas também ficaram um pouco tristes. Eu também fiz parte da história delas. E minha mãe, bom, ela como sempre chorou muito, mais de medo que de satisfação. Afinal ia sair dali porque precisava fazer uma cirurgia para o xixi sair e não prejudicar meus rins até eu engordar mais um pouco.

E a minha chegada na casa da vovó Socorro foi engraçada. Tudo muito diferente. Era um entra e sai de gente para me ver. Foi só então que tive a minha primeira foto. Ninguém nunca se lembrou de fazer uma foto minha. Cá entre nós, a expressão “cara de joelho” combinava comigo. E essa foto só foi feita porque minha mãe tem uma amiga chamada Tatiana que foi lá e fez esse registro. Depois vocês vão ver o quanto já era lindão.

Minha mãe diz que quando nasci já tinha os olhinhos pretos muito vivos, de gente que procura e faz o tempo todo danação. Mas acho que tem um pouco de exagero dela. Eu só não consigo ficar parado por muito tempo. Prova disso é que ainda pequeno no berço, eu conseguia girar por ele todo.

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